tópico-30

História, modo de ser fundamental das empiricidades:
- o Lugar de nascimento do que é empírico
- e o Circuito onde ocorrem as trocas

Há dois conceitos para o que seja História (*):

  • história como a coleta das sucessões de fatos tais como se constituíram;
  • história como o ‘‘modo de ser fundamental das empiricidades‘,

    entendendo ‘modo de ser fundamental das empiricidades‘ como ‘aquilo a partir do que elas sejam afirmadas, postas, dispostas, e repartidas no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis’. (Michel Foucault)

Na segunda acepção do termo, história é feita quando o modo de ser fundamental das empiricidade muda: empiricidade objeto, um pensamento não-articulado na experiência, passa pela ação do sujeito, a pensamento sim-articulado na experiência; em outras palavras, ocorre o nascimento de algo empírico porque agora com suporte na experiência e com um novo modo de ser fundamental, algo que agora pode ser afirmado, posto, disposto, etc. etc. Leia a seguir sobre pensamento conservador e progressista.

Configurações do pensamento vistas sob do ponto de vista
do efeito que têm na alteração ou na conservação do
modo de ser fundamental das empiricidades

É de interesse questionar as operações nos segmentos em que se situarem, quanto a se há ou não alteração no ‘modo de ser fundamental’ como resultado de sua ocorrência. Prestando atenção a qual seja o elemento ordenador da história.

não há alteração no 'modo de ser fundamental' do que quer que seja
em operação sob o pensamento classico

Operação sob o pensamento de antes da descontinuidade epistemológica ocorrida entre 1775 e 1825:

  • pressuposto: a existência precede a distinção;
  • repositório: não há repositório específico no dado domínio e ambiente em que a operação ocorre.
  • tipo de propriedades: não-originais e não-constitutivas;
  • tipo da formulação: reversível durante a formulação e irreversível durante o instanciamento;
  • tipo de tempo: calendário
  • lugar de ocorrência: circuito das trocas;
  • sem conexão entre empiricidades e história.
  • propriedade emergente: fluxo

Operação sob o pensamento de depois da descontinuidade epistemológica ocorrida entre 1775 e 1825.

  • pressuposto: a existência sucede a distinção;
  • repositório: é especifico para o domínio e ambiente em que a operação ocorre;
  • tipo de propriedades: sim-originais e sim-constitutivas;
  • tipo da formulação: irreversível durante a formulação e irreversível durante o instanciamento;
  • tipo de tempo: absoluto;
  • lugar de ocorrência: Lugar de nascimento do que é empírico;
  • conexão entre empiricidade objeto da operação e história.
  • propriedade emergente: permanência.
 
alterações no 'modo de ser fundamental' da empiricidade objeto da operação ocorre no interior do 'Lugar de nascimento do que é empírico

Operação sob o pensamento de depois da descontinuidade epistemológica ocorrida entre 1775 e 1825.

  • pressuposto: a existência precede a distinção;
  • repositório: pode haver ou não repositório especifico no domínio e ambiente em que a operação ocorre;
  • tipo de propriedades: sim/não-originais e sim/não-constitutivas;
  • tipo da formulação: reversível durante a formulação e irreversível durante o instanciamento;
  • lugar de ocorrência: circuito das trocas;
  • existe conexão entre empiricidade objeto e história, mas estabelecida pela operação anterior ocorrida no caminho da Construção da representação objeto deste instanciamento.
  • propriedade emergente: novamente fluxo

A principal – e grande – diferença entre as duas figuras abaixo é que a da direita inclui a operação na qual a empiricidade objeto muda seu modo de ser fundamental (o que se dá entre as setas amarelas (i) e (f), justamente os eventos que demarcam que história foi feita. Tomando a palavra ‘progressista’ como atenção ao novo, entre as duas configurações de pensamento a da direita (!) é a que dá atenção à construção de representação nova.

A sucessão de fatos indicada pelos eventos de início e fim de Processo (i) e (f) cuja coleta é história em seu primeiro significado
A alteração de modo de ser fundamental do objeto cujo sucesso faz história; indicada pelos eventos de objeto (i) e (f)
Princípio monolítico de trabalho deAdam Smith, 1776
trabalho como unidade de representação de valor
Princípio dual de trabalho de David ricardo, de 18171
trabalho representável em unidades de valor
e trabalho como origem do valor das coisas
Comparações feitas por Foucault dos dois princípios de trabalho:
o de Adam Smith e o de David Ricardo
A importância de David ricardo, segundo Michel Foucault

(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII- Os limites da representação; tópico I. A idade da história